BOCA é um criação de Valter Vinagre (fotografia) e de Eunice Ribeiro (texto) desenvolvida no contexto do projeto pluridisciplinar “Rastro, Margem, Clarão”, no qual um colectivo de criadores em artes performativas, artes visuais e ensaístas se propuseram pensar a escrita de Rui Nunes (n. 1945) nas suas heterogeneidades, nódulos temáticos e inquietações, numa abordagem arrojada e heuristicamente transdisciplinar.
BOCAé um criação de Valter Vinagre (fotografia) e de Eunice Ribeiro (texto) desenvolvida no contexto do projeto pluridisciplinar “Rastro, Margem, Clarão”, no qual um colectivo de criadores em artes performativas, artes visuais e ensaístas se propuseram pensar a escrita de Rui Nunes (n. 1945) nas suas heterogeneidades, nódulos temáticos e inquietações, numa abordagem arrojada e heuristicamente transdisciplinar.
—
Percorre as imagens fotográficas de Valter Vinagre um certo sentido de extinção que é, antes de mais, extinção da própria visibilidade. Tal como a escrita de Rui Nunes que as provoca, sem constituírem propriamente a sua ilustração, as imagens de Vinagre nascem de uma perceção ‘imperfeita’ que impede de ver o mundo por inteiro e com clareza, desautorizando qualquer tentativa de espectadorismo, de consumo de um real que permanece parcialmente irrepresentado, irrepresentável. A preto e branco, são fotografias dramáticas, quase barrocas nos seus contrastes violentos de claro-escuro, ora ligeiramente desfocadas ou invadidas por reflexos, manchas e zonas de sombra, ora tão próximas do seu objeto que rasam o abstrato ou o informe. Uma humanidade anónima e sem brilho, alguns animais, traços de uma vegetação hostil ou fúnebre é tudo quanto de vivo povoa estas paisagens ruinosas e espectrais, captando ora espaços naturais (senão ‘desnaturados’; cf. Pinharanda, 2013) e cenários de província convertidos em desoladas arcádias precárias, ora quadros urbanos degradados ou mundos de subúrbio, levemente sórdidos: uma espécie de realidade de bastidor, uma wasteland pesada de despojos, destroços, pedaços de uma totalidade perdida que nada permite aparentemente recuperar. Imagens, dir-se-ia, destinadas à corrupção da própria natureza indicial da fotografia, à obstrução dessa natureza tendencialmente predatória do olho maquínico, da sua competência alucinatória de ‘ver mais’, de ver tudo.
[Excerto do ensaio de Eunice Ribeiro]
FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA
Fotografia_ Valter Vinagre
Texto_ Eunice Ribeiro
Edição_ Terceira Pessoa
Design Gráfico_ Cátia Santos
Vídeo e fotografia de processo_ Tiago Moura
Produção_ Ana Gil, Nuno Leão
Produção Executiva_ Bruno Esteves
Impressão_ Norprint Artes Gráficas – a casa do livro
350 exemplares, Novembro 2020
Financiamento e apoio à edição_ Direção-Geral das Artes /República Portuguesa – Cultura, Câmara Municipal de Castelo Branco
GALERIA
VIDEOS
DIGRESSÃO
6 Novembro 2020
Lançamento livro
Casa Amarela - Galeria Municipal, Castelo Branco
6 NOvembro 2020
Exposição Fotografia
Casa Amarela - Galeria Municipal, Castelo Branco
13 Novembro 2020
Apresentação livro
STET Livros & Fotografias, Lisboa
21 Novembro
Apresentação do livro
Salão Junta Freguesia, Vila do Conde
28 Novembro 2020
Apresentação livro
Biblioteca Municipal, Vila Nova de Famalicão
LOJA
BOCA
FOTOGRAFIA DE VALTER VINAGRE / ENSAIO DE EUNICE RIBEIRO